Jogos de Paciência (Ginzburg & Prosperi)

Um verdadeiro "romance policial" filológico, sarcástico e autoirônico

A Editora Ladeira Livros acaba de publicar “Jogos de paciência”, tradução da obra dos historiadores italianos Carlo Ginzburg e Adriano Prosperi, publicada originalmente pela Einaudi em 1975 e, mais recentemente, pela Quodlibet (2020). 

Alguns excertos tirados do livro

“Um texto importante, há muito tempo inacessível, de autoria incerta, de interpretação polêmica, parecia ter sido feito especialmente para um seminário. […] Arrancamos com ideias extremamente confusas”.

“…estabelecemos nossos pressupostos metodológicos, ou seja, a maneira como queríamos pesquisar; mas também devemos dizer o que queríamos encontrar. Em primeiro lugar, algo realmente novo. Sentamo-nos a uma mesa de jogo onde as cartas já tinham sido parcialmente distribuídas e as regras foram fixadas: o prazer do jogo foi identificado para nós com a possibilidade de introduzir cartas inesperadas no jogo. Claro, não podíamos trapacear, no sentido de que as regras comumente aceitas pela guilda dos historiadores nos impediam: por exemplo, não podíamos falsificar documentos”.

“… já em meados de novembro tínhamos distribuído as xerocópias do texto do Benefício. Tínhamos evitado deliberadamente abordar o problema da interpretação. Queríamos que o texto fosse incompreensível e que o efeito de desorientação fosse completo. Nossas expectativas não foram frustradas. Os alunos, que partiram de um conhecimento baseado em manuais sobre a época da Reforma e da Contra-Reforma, não encontraram no Benefício qualquer ponto de apoio, mesmo remotamente familiar”.

“… esta sessão do seminário terminou em uma atmosfera eufórica. Pela primeira vez, nos deparamos com uma trilha de pesquisa concreta (talvez falsa)”.

“Começamos a vislumbrar a forma de trabalhar do autor – de quem cada vez mais nos parecia o verdadeiro autor – do Benefício“.